DEIXA IR


Já parou para pensar quantas pessoas passaram pela sua vida nos últimos 10 anos? Dessas tantas, quantas continuaram? Se analisar bem, colocar no papel, o resultado talvez seja surpreendente. As pessoas mais vão do que ficam. 

Nunca fui a pessoa que segura e sempre compactuei com a teoria do 'Se quer ir, vá'. Nada faz mais sentido dentro de mim de que só permaneça em minha vida, quem quer estar. Acredito que a tendência de todos é fazer a força contrária para que a pessoa fique. É fácil? não! Nem fazer força e nem deixar ir, mas eu consigo garantir que racionalmente, a segunda opção é um alívio para o coração quando a gente percebe o ganho emocional que é quando só fica quem quer ficar.

Não aconteceu nada por aqui, mas há muito tempo venho pensando sobre, analisando o quanto é cansativo para quem insiste, a tentativa de manter alguém na vida, na base do esforço. Se colocar na balança, a gente perde mais do que ganha. 

Há pouco mais de um ano, eu vivi uma situação em que eu me esforcei demais para manter alguém na minha vida. Hoje, quando eu me lembro das vezes que chorei e praticamente implorei para que a pessoa ficasse, tenho vontade de enfiar a minha cabeça em um buraco. Em resumos, a pessoa ficou; não da forma que eu gostaria na época, mas da forma que ela conseguia estar. Quando eu abri mão e decidi que era melhor deixar ir, o mundo se abriu e eu entendi que, no fundo, por mais que eu gostasse da pessoa, eu não estava perdendo nada. Afinal, a gente só perde o que tem.

Me conhecendo, sei que se dependesse de mim, estaria presa àquela relação até hoje e que jamais me abriria para que vivências ainda melhores acontecessem. Essa foi a virada de chave que eu precisava. A partir dali passei mais a utilizar o 'Se quiser ficar, fica. Se quiser ir, tudo bem'. 

Isso não quer dizer que eu não me importe com nada, nem ninguém. Eu me importo sim, até demais. Vez ou outra envio mensagens para as pessoas quando eu percebo que estão sumidas, afinal, entendo que a vida de ninguém é fácil, e a correria por vezes passa em cima da gente. Quero saber como está, se precisa de algo. Mas a questão aqui não é a ausência, é o desinteresse. 

Não vou mentir que quando eu gosto da pessoa eu ainda insisto um pouco em transformar o desinteresse em interesse. Porém, de um tempo para cá passei a avaliar de forma mais fria e colocar na balança o que a pessoa pode me oferecer de bom. Não digo materialmente. Às vezes até oferece coisas boas, mas quando eu tenho que me desgastar na insistência, eu perco, e eu não quero mais perder.

Quem chega precisa saber que eu não compro brigas, não me meto em situações que não são minhas porque é claro que tem batalhas que não são nossas e que a gente só se mete em problemas alheios que podem ser resolvidos com essa interferência. E olhe lá.

Quem me tem, me tem inteira e tem muito. Com todos os defeitos que possuo, eu não deixo de validar que eu sou uma boa amiga, boa companheira, boa parceira. Sou atenciosa, tento ser leve e embora nem sempre tenha a solução, eu sou uma boa ouvinte.

Demorei muito para entender isso e perceber que quem me perde, perde muito também.  Hoje, com toda a paz que existe neste coração aqui, eu aprendi a escolher as minhas guerras. Aprendi a deixar ir quem não quer permanecer e a celebrar quem escolhe ficar. A vida continua.

CHUCHU NO JANTAR


Não faz muito tempo que vi um vídeo de um menino chamado Guilherme que falou sobre a expressão de ser o Chuchu no Jantar. Eu nunca tinha ouvido sobre e vou dizer, alugou um triplex na minha cabeça. O chuchu no jantar não é o preferido de ninguém; se tiver a pessoa come, se não tiver, não sente falta.
 
O curioso é que quanto mais o tempo passa, mais tenho me sentido assim. No auge dos meus 36, quase 37 anos, parece que eu ainda não me encontrei. Aprendi a gostar da solitude e aprendi também o quanto é ruim a solidão. Tenho me sentido só. É um fato que durante a vida centenas de pessoas passam por nós, algumas vão, outras ficam. Tenho tido a impressão que as que ficam estão sempre ocupadas com as próprias vidas, e metas, e relações, e trabalhos, que parece sempre que não sobra espaço para mais nada. Eu sei porque eu também ando bem ocupada, mas nunca indisponível. 

E aí entra a sensação de ser o chuchu no jantar, na sempre disponibilidade, no fato de não fazer a diferença e na indisponibilidade alheia. Não sei se é o inferno astral, mas eu tenho me sentido muito assim, e vou falar, é horrível. Estou numa fase em que vivo o ciclo do meio, diferente dos meus amigos; de um lado tem os casados ou que namoram e que estão vivendo suas vidas com os parceiros/parceiras e geralmente optam por programas com outros casais. Sou solteira demais para me infiltrar nesse grupo e eles raramente lembram de mim para esses convites. Do outro lado estão os da fase de aproveitar a vida, sair, curtir, passar a noite na rua, ir para lugares barulhentos demais. Eu até gosto, mas não sempre porque minha bateria social não é alcalina. 

Estar no ciclo do meio faz com que eu me sinta o próprio chuchu no jantar, não estou nem lá e nem cá, e com isso não consigo fazer diferença. Na próxima semana eu faço aniversário e sabe qual é o meu maior medo quando eu marco algo? Que não apareça ninguém. Eu sei que sozinha eu não fico, mas eu tenho a sensação que as pessoas sempre tem algo melhor para fazer. Essas são as desvantagens do chuchu. Eu sei, esse é um papo para terapia (e vou levar), mas eu penso que outras pessoas possam se identificar, assim como eu me identifiquei. 

Esse texto não traz uma solução ao fim dele e acredito que seja mais um desabafo. Não é indireta, nem nada, é só um sentimento temporário. Dia desses compartilhei um vídeo com uma mensagem que dizia que quem é muito presente, às vezes, se torna invisível porque as pessoas sabem que você vai sempre estar ali. Quero continuar presente, isso é algo que eu tenho em mim, mas a meta de ano novo é que eu tenha relações reciprocas; nas minhas amizade, no trabalho, amorosas, familiares, em tudo. Que seja e que essa sensação de ser o chuchu no jantar deixe de existir.

 

AMOR PRA RECOMEÇAR

Eu sei, eu sei, esse é o título daquela música do Frejat que vive tocando em vídeo motivacional do Instagram e em corrente de WhatsApp. Eu sei também que já perdi as contas de quantas vezes tentei recomeçar com uma página aqui na internet. Ano novo, tudo novo, inclusive as promessas de fazer diferente e voltar o foco para coisas que realmente importam e fazem bem pro coração.

Nos últimos dois ou três anos, não sei bem, deixei de lado coisas que eu gosto de fazer e uma delas é escrever. Falta de tempo, falta de inspiração, falta de coragem, falta de compromisso com que me faz bem. Escrever é a forma que melhor me expresso e eu, verdadeiramente, sinto falta de fazer isso. Então pensei que começar o ano com esse projeto seja uma forma de me impulsionar a recomeçar.

Quando o ano começa parece que algo dentro da gente renasce. A esperança de fazer diferente, de viver coisas novas, de cumprir metas, de ser diferente. Eu sempre acho curioso, porém, não deixo de viver esse sentimento a cada virada. No fundo, eu gosto de começos e recomeços. Revigora, né?

As metas para 2024 são muitas, mas a proposta é fazer tudo no tempo que tem que ser feito, sem desistir de nada, com cuidado, foco e capricho no que vier. Esse espaço talvez seja meu principal projeto de reconexão comigo mesmo, mas eu quero fazer sem obrigação. Quero recomeçar com amor e quando tem amor, tem leveza!

Feliz ano novo pra você e feliz blog novo para mim! ♥